terça-feira, 9 de junho de 2009







LAMPARINA

Eu abro a janela. Assim... recorto o mundo
como um lambe-lambe fazendo uma fotografia.
Em frente, há flores do campo, montanhas e nuvens.
E é esse o quadro moldado pela janela enamorada
dos meus olhos. Dentro de casa, a luz foi cortada.
Falta energia para trabalhar nos meus sonhos.
Só o sol e a lua me fazem companhia.
Eles são de graça, amorais.
Não exigem nada.
São como um cão sideral obediente a uma
ordem invisível. Perco mil vezes a hora, a paz,
e eles continuam a me iluminar. Mas dentro do
meu ser há uma lamparina acesa. Muitas vezes
com a chama baixa, outras com cor topázio
e, poucas vezes, brilhante... Nessas raridades
de instantes, assim como é raro o amor,
eu sou a luz do meu próprio caminho.
Meu próprio sol.
E esta luz é o país onde
moro quando me lembro que além da janela do
quarto existe a janela da alma.

Nenhum comentário: