NOITE
Visto-me de escuridão para que brilhem minhas estrelas.
À noite, mãe de quem sonha deita bilhões de corpos
enquanto almas flutuam como balões boreais na negritude do cosmos...
Escondo-me nas brumas da alvorada num espectro flamenco.
Onde meus pés ritmados dançam em batuques para segurar o tempo...
O orvalho veluda de espelhos d’agua minha dama da noite.
E com a crista armada à harpia pousa na minha janela
enfeitiçando meu olhar para a melancolia da lua.
Noite eterna! Onde tudo que é invisível se apresenta,
em uivos selvagens, perfumes adocicados e amores proibidos.
E tudo que está exposto se calma, no silêncio eólico e no cricricri dos grilos...