terça-feira, 29 de setembro de 2009





Sinto um vazio que me sufoca o peito!
Uma falta, uma saudade, um vaso sem nata.
O álcool já não me aplaca, nem me tira a dor
das horas. O amor ainda não aconteceu
novamente. E até... então, sou um Zeppelin
pairando sobre o oceano azul cobalto.

Estou ao meio! Á espera entre uma tempestade e outra.
Então me calo, me choro, me esqueço. É a secura nos lábios
das palavras não ditas, dos sonhos desistidos, da vida que
não é fantasia. Eu já amei com a pureza da alma, do corpo,
com verdade. Por isso, coisa outra não me basta. Nem a
beleza que existe, nem a ternura que insisti,
nem a poesia que me salva.

domingo, 6 de setembro de 2009


copo americano



Dia frio. Um vento gélido anda em passos lentos pelo corredor. Acordei com o mundo me enfrentando, me jogando granizo denso no rosto. Lançando lembranças minhas, sujas, invadindo minhas tramas sem mandado.

Grosseiramente esta manhã, que não é minha, que é do mundo está me expondo a mim mesmo. Mas sou eu quem decide quando quero pensar nos meus pesares. Não venha a minha casa, a minha alma me lembrar o que eu não sou.

Mundo maldito, malfeito, mau! Meus olhos se lançaram pra fora da janela de bordas castanhas. O mar estava negro, bravo, vingativo. A areia branca estava cinza e úmida. A chuva fina perecia eterna.

Bastou um dia revés e o sol se tornou só uma lembrança remota. Sem controle! Quem abriu as portas da minha vida? Peguei minha espada ritualística e desafiei este ser invisível que parecia gostar de me ver desesperado. Havia um prazer corpulento no ar desta alma gigante que me atravessou o peito me deixando transparente.

Eu não queria me ver. - Cobre-me! Empresta-me um lençol para tapar a nudez da minha alma. Preciso de mais tempo para me despir de tudo. Deste outro eu funcional que tomou a frente da minha máscara principal. Não estou pronto para ser do meu tamanho. Acostumei-me a ter a forma da fechadura da porta do meu quarto, das minhas desculpas, do meu medo de vencer uma imagem derrotada já descascada pela verdade agora irrefutavelmente desvelada...

sábado, 5 de setembro de 2009


Amor anarquista

O amor não é um jogo. É um desnudar-se de intenções. Ficar em pêlo, fragilizar-se na incerteza que é o outro.

Despedace suas regras vãs com as mãos ungidas de perfume. Lacere a poesia que escreveu, em pedacinhos de papel, e tome cada um deles como comprimido pra te lembrar da loucura das fiúzas.

É preciso enlouquecer para amar. Os santos falam com passarinhos, os amantes jejuam sem precisar acreditar em Deus. Atiram suas roupas pela janela, trocam riquezas por pétalas caídas no chão.

Não ha presente mais lindo que o mistério, a possibilidade de tudo e de nada. Das mãos calejadas penando suas redes ao mar sempre incerto. Enigma este que é o fascínio dos entes das águas. Assim, como o verdadeiro poeta serra os olhos e lança uma flecha mirando a estrada infinda da utopia.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009


Vida Estúpida



Como pode um coração conter tão distintas emoções? Estilhaços atímicos de rubis ao sol findo a esmeraldas castas de pele humana feminina. A loucura é uma linha de algodão tingida de aparente finitude. E eu? Sou uma sura transparente revelando a cada vôo as cores ditadas pelo tempo. Todo amor que derramei nas taças meninas, foi bebido como vinho puro, nobre e rubro. Escorrido pelos lábios, doce, adorado e depois... tragicamente esquecido. O amor é ausência! E eu não sou nada! Apenas uma noite estrelada feita de promessas que eu não sei cumprir. Amanhece sempre! E o sol apaga todas as estrelas. O amor é noite. E eu não posso impedir que o dia venha. Não tenho talento para o contínuo, para a reta e o rio, para o correto, para o traço firme. Minhas mãos não sabem desenhar o que meus olhos vêm. Minha boca não canta o que minha alma sopra. Restou-me então, apenas, nesta vida estúpida e parca, um caderno com folhas brancas onde tudo, tudo é possível, mas nada acontece.