Catar vento é coisa de físico bobo.
Mania inútil de moleque malandro
que anda a oferecer
provas do invisível.
Eu gosto é de dissolver-me na trama,
apalpar no escuro imagem indecifrável.
Eu e ela, a palavra.
Somos uma tentativa
de desenho entre os vazios.
A palavra e eu
não temos dons para o factual,
nem graça para mercado de almas e grãos.
Temos sorrisos melados de beijo,
doces em caldas e carinhos baldios.
Beijo de formiga é que é coisa grande, útil.
É lance de quem entende
o mundo
é poesia
de quem beija o vento.