quarta-feira, 12 de maio de 2010




Catar vento é coisa de físico bobo.


Mania inútil de moleque malandro

que anda a oferecer

provas do invisível.

Eu gosto é de dissolver-me na trama,

apalpar no escuro imagem indecifrável.

Eu e ela, a palavra.

Somos uma tentativa

de desenho entre os vazios.

A palavra e eu

não temos dons para o factual,

nem graça para mercado de almas e grãos.

Temos sorrisos melados de beijo,

doces em caldas e carinhos baldios.

Beijo de formiga é que é coisa grande, útil.

É lance de quem entende

o mundo

é poesia

de quem beija o vento.