quinta-feira, 27 de outubro de 2011







Escuto um estilhaço. É meu coração que se quebrou
na cozinha como uma taça, num dia sem festa,
numa segunda-feira sem graça. Me recolho então
em cada um destes cacos, no espelho de cada pedaço e
minha face agora espalhada é a imagem sincera
da imagem de mim.

Meu tino não. Meu sonho é ser oceânico para
que as gotas pontiagudas de nanquim não turvem
por completo minha transparência.

Sendo mar, portanto quase infinito, os traços negros
desta defesa de polvo não tem o poder de diluir o azul.

Assim, mar e homem se tomam por completo e
não ha mais deserto, nem saudade, nem um
coração do tamanho de um copo para se
partir por culpa do amor.