segunda-feira, 10 de setembro de 2007


Minhas mãos estão rasgando a cortina áspera que me deixa invisível. Tecido de veludo preto, bruma amarelo-ocre enevoando todos os cantos. Anos e anos de ensaios, idéias geniais, manobras precisas e a ninguém foi dado ver o que havia atrás das máscaras. Colei o olho na fresta, fiz pressão. Do outro lado atores petrificados no chão da coxia. Eles esperaram com fidelidade canina a hora precisa de serem perfeitos. Dia e noite sentinelas a guardar a estréia já envelhecida. O dia esperado não veio. Este dia é uma comédia trágica eternamente inédita. O tempo acabou por envelhecer, o tempo azedou. Um tijolo foi arrancado anos depois. A luz entrou em câmara lenta, em pequenos fachos. Invadiu o palco. Reis e guerreiros; fadas e ladrões foram aparecendo. Limpei a face de um monstro caído, joguei água em tudo, acendi todas as cores, liguei a música que estava no ponto... Na platéia, apenas eu, no segundo ato o mundo inteiro. No terceiro, saí do casulo cênico encantado, deixei o conforto de ser um projeto, saí de trás da capa enquanto me assistia e de dentro de mim eu renasci

Poesias Fernando Esselin


Atear

Taca fogo na barba dele. Deixa o cheiro dos pelos queimados arderem suas narinas. Taca fogo na vida dele. Ateia paixão nos teus dias de chuva. Cospe longe, arremessa coisas você não quer mais. Joga um jogo desconhecido, pula no ar, mija no vento.

Faz o que quiser...

É ótimo lembrar que você pode

Faça o possível para não se esquecer.

Mude de casa este ano, cuide de uma planta, elas geralmente dão flores. E as flores são damas com vestidos feitos de pétalas.
Compre um jogo, jogue sem regras, invente regras novas, invente um novo jeito de vi
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