domingo, 19 de julho de 2009


Quando eu era criança quebrava todos os meus brinquedos. Um por um. Não havia um só que fica-se inteiro. Era uma procura frenética. O que será que há dentro de cada coisa? Depois das descobertas, eu juntava os cacos coloridos e brincava como quem tinha nas mãos um universo decifrado.

Meus olhos sempre famintos por enigmas. Descobriram o sexo aos sete anos. Vendo duas joaninhas transando dentro de um pote de vidro onde eu observava insetos. Foi incrível entender, sem nenhuma palavra o que elas estavam fazendo. Este era meu segredo com o universo. O amor dentro de um mundo de vidro só meu.


Nunca deixei de ser criança totalmente. O que é considerado uma doença psiquiátrica. “Você tem que ser uma peça ou óleo e fazer a máquina girar”, mas eu sou água e me sinto desconfortável no meu corpo. Onde não cabem minhas fantasias.


O mundo e eu não fomos feitos um para o outro. Temos medidas que se esbarram. Ele me nega e eu sonho. Eu o nego e ele me acorda. Um jogo duro! E assim, neste embate de forças, sou quebrado todos os dias e me refaço caco por caco, mas sempre falta um pedaço.

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