segunda-feira, 11 de maio de 2009


















Vasculho o espaço como um carcará na floresta branca.Vôo raspando o peito no chão rachado e seco.Depois me solto no ar para subir numa bolha quente.Sou rapina e roubo. Trapaça de garras impetuosas por sobrevivência.Astucia e devaneio do calor do sol a pino. Azul, céu, vastidão e mais nada.Eu sou uma fantasia. Tecidos ao vento, lençóis dançando no varal do terreiro. Um espelho sem personagem, uma lenda feita de cantigas de amor. Sou a fábula de todos os homens. Os heróis, os malditos, os santos e os putrefatos. Sou contradição por princípio. Caminho mil léguas sem destino. Me destino ao imprevisível. Me destina a vida ser um ator. Finjo emoções opostas, mimetizo o brilho nos olhos do olhar verdadeiro. Morro por pequenas vaidades do cotidiano. Morro todos os dias e todas as horas que estou atrás da capa que me cobre por inteiro.Eu não posso ser eu mesmo na proporção que desejo. Já tentei e fui esfaqueado no peito, fui magoado, fui esquecido. Só me resta relembrar como eu era feliz jogando futebol nos campinhos malhados dos terrenos baldios.

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